Comida · Food

Barbecue: a welcome dish

Photography by Carla Rocha

Arriving in Rio Grande do Sul and not eating a churrasco is like arriving in Bahia, Brazil, and not eating an acarajé or in Minas Gerais and not eating a tropeiro bean. The state is not exclusively the land of the barbecue, but it is undoubtedly the most expressive dish in the local cuisine.

Churrasco is the result of a combination of different factors. The introduction of cattle to Rio Grande do Sul by the Jesuits in the 17th century was decisive for the development of livestock farming in the state and, consequently, for the creation of a cuisine predominantly centered on meat.

The “gaucho barbecue” has spread to other regions of Brazil and also to many countries around the world. In Rio Grande do Sul it’s a dish for a variety of occasions, from getting together with family or friends to celebrating a special date. It’s not uncommon for churrasco to replace even special meals such as Christmas or New Year’s Eve suppers.

The term “churrasco” (barbecue) encompasses different ways of roasting meat, be it on a charcoal grill, over an open fire or on a gas grill. Churrasco can be prepared in the countryside or in the city, in upscale or low-income neighborhoods, at home, in sophisticated steakhouses or on the street in the form of “churrasquinho de gato”, with the use of more prized cuts of meat and others not so much. These variations express the versatility of this dish in terms of its consumption by different social strata.

I was born in Rio Grande do Sul, which means I’m from Rio Grande do Sul, but I’ve been living outside the state for the last ten years. Unlike me, the vast majority of my family remained in the land known by the linguistic expressions “bah” and “tchê”. Even after I opted to reduce my meat consumption considerably, when I return to the state, meeting relatives is almost synonymous with eating barbecue. It’s a welcome meal and also a pretext for getting together, reminiscing about the past, the stories of generations gone by and the new generation coming up. It’s an opportunity for me to feel at home once again, even though my home is many kilometers away, and also to enjoy a dish that always creates new memories.

Churrasco: um prato de boas-vindas

Chegar no Rio Grande do Sul e não comer um churrasco é o mesmo que chegar na Bahia e não comer um acarajé ou em Minas Gerais e não comer um feijão tropeiro. O estado não é exclusivamente a terra do churrasco, mas este é sem dúvidas o prato mais expressivo da culinária local. 

O churrasco é resultado de uma combinação de fatores diversos. A introdução do gado no Rio Grande do Sul pelos jesuítas no século 17 foi decisiva para o desenvolvimento da pecuária no estado e, consequentemente, para a criação de uma culinária predominantemente centrada na carne.

O “churrasco gaúcho” se expandiu para outras regiões do Brasil e também para muitos países ao redor do mundo. No Rio Grande do Sul é um prato para diversas ocasiões, desde reunir a família ou amigos até celebrar alguma data especial. Não é incomum o churrasco substituir até mesmo refeições diferenciadas como as ceias de natal ou do ano novo. 

O termo churrasco engloba diferentes formas de assar carnes, seja na brasa, no fogo de chão ou em churrasqueiras a gás. O churrasco pode ser preparado no campo ou na cidade, em bairros nobres ou nos populares, no ambiente doméstico, em churrascarias sofisticadas ou na rua em forma de “churrasquinho de gato”, com a utilização de cortes de carne mais valorizados e outros nem tanto. Essas variações expressam a versatilidade desse prato também no que diz respeito ao seu consumo pelas diferentes camadas sociais. 

Nasci no Rio Grande do Sul, ou seja, sou gaúcha, mas há exatos dez anos moro fora do estado. Ao contrário de mim, a grande maioria da família permaneceu na terra conhecida pelos termos “bah” e “tchê”. Mesmo depois de ter optado por diminuir consideravelmente o consumo de carne, quando retorno ao estado, encontrar familiares équase um sinônimo de comer churrasco. É um prato de boas vindas e ainda um pretexto para nos reunirmos, relembrarmos o passado, as histórias das gerações que já se foram e da nova geração que vem chegando. É uma oportunidade de eu me sentir em casa mais uma vez, ainda que minha residência esteja a muitos quilômetros de distância, e também de saborear um prato que sempre proporciona a criação de novas memórias.