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The unglamorous side of food when it comes to the poison on our plate

Photography by Fernando Frazão/Agencia Brasil


In this month of November, in which we have witnessed so many simultaneous tragedies around the world related to the acceleration of the climate crisis and, in the same week that COP 28 begins, an event aimed at discussing and seeking agreements to try to contain the climate crisis, the Brazilian Federal Senate approved PL 1459/2022. Also known as the “poison bill”, it consists of a bill that makes the use of pesticides even more flexible in the country. It’s sad news, bordering on the absurd, considering that Brazil is already recognized as the biggest consumer of pesticides in the world.

This news exalts a very dark or unglamorous side of food. We are consuming more and more poison. Pesticides are present in food, drinks, tap water and the environment. It is well known that these products are harmful to the health of those who consume them, those who deal directly with them in agriculture and those who live in the vicinity where food is grown with these products. Not only that, but they also contribute greatly to environmental degradation.

One of the most critical points is that this bill favors the registration of agrochemicals that are still prohibited from being registered due to the risk of causing cancer, genetic mutations and the destruction of biodiversity. According to Fiocruz, a Brazilian institution dedicated to health science and technology, there is no acceptable level for the consumption of products that can cause cancer, i.e. even small doses of carcinogenic substances can cause irreversible damage to people’s health.

With specific regard to the two most widely used pesticides in the world, glyphosate and 2,4-D (2,4-dichlorophenoxyacetic acid), a study carried out in Ecuador since 2008 by researchers from the University of California, San Diego, concluded that adolescent exposure to these two pesticides can lead to neurobehavioral development disorders, affecting children’s cognitive and behavioral development and contributing to rising rates of anxiety, depression, excessive aggression and learning deficits.

The vast majority of pesticides used in Brazil come from European Union countries. The irony is that many of the pesticides that these countries export to Brazil are banned in their territories. Despite this, in the case of glyphosate, and even in the face of appeals from scientists and environmentalists, in the last week of November, the European Commission decided to renew the authorization for the use of this pesticide for another 10 years. Meanwhile, in the United States, lawsuits from farmers over the use of Roundup are on the rise.

The use of pesticides is a global problem that seems to be getting worse. These substances should not be on any menu. Unfortunately, we are increasingly forced to consume their bitter taste somehow, since we don’t have much choice.

O lado nada glamouroso da comida quando o assunto é o veneno no nosso prato

Neste mês de novembro, em que presenciamos tantas tragédias simultâneas ao redor do mundo relacionadas à aceleração da crise climática e, na mesma semana em que inicia a COP 28, evento voltado para discutir e buscar acordos para se tentar conter a crise climática, o Senado Federal brasileiro aprovou a PL 1459/2022. Conhecidotambém como a “PL do veneno”,consiste em umprojeto de lei que flexibiliza ainda mais a utilização de agrotóxicosno país. É uma noticia triste, que beira ao absurdo, considerando que o Brasil já é reconhecido como o maior consumidor de agrotóxicos do mundo.

Essa notícia exalta um lado muito sombrio ou nada glamouroso da comida. Estamos consumindo cada vez mais veneno. Os agrotóxicos estão presentes nos alimentos, nas bebidas, na água que corre das torneiras e também no ambiente.  É sabido que esses produtos são prejudiciais à saúde de quem os consome, de quem lida diretamente com esses produtos na agricultura e de quem vive nas proximidades onde são cultivados alimentos com esses produtos. Não bastando isso, ainda contribuem amplamente para a degradação ambiental.

Um dos pontos mais críticos é que esse projeto de lei favorece o registro de agrotóxicos que são ainda proibidos de ser registrados pelo risco de provocarem câncer, mutações genéticas e destruição da biodiversidade. Segundo a Fiocruz,instituição brasileira voltada à ciência e tecnologia em saúde, não há um nível aceitável para o consumo de produtos que podem causar câncer, isto é, até mesmo pequenas doses de substancias cancerígenas podem gerar danos irreversíveis à saúde das pessoas.

No que se refere especificamente aos dois agrotóxicos mais utilizados no mundo, o glifosato e o 2,4-D (ácido 2,4-diclorofenoxiacético), um estudo realizado no Equador desde 2008 por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Diego, concluiu que a exposição de adolescentes a esses dois agrotóxicos pode levar a distúrbios do desenvolvimento neurocomportamental, afetando o desenvolvimento cognitivo e comportamental das crianças e contribuindo para os índices crescentes de ansiedade, depressão, agressividade excessiva e défices de aprendizagem.

A grande maioria dos agrotóxicos utilizados no Brasil provém de países da União Europeia. A ironia é que muitos dos agrotóxicos que esses países exportam para o Brasil são proibidos em seus territórios.  Apesar disso, no caso do glifosato, e mesmo diante do apelo de cientistas e ambientalistas, nesta última semana de novembro, a Comissão Europeia decidiu renovar a autorização para o uso desse agrotóxico por mais 10 anos. Enquanto isso, nos Estados Unidos, crescem ações judiciais de agricultores relacionadas ao uso do Roundup. 

A utilização de agrotóxicos é um problema mundial que parece se agravar. Essas substâncias não deveriam constar em nenhum cardápio. Infelizmente, somos cada vez mais obrigados a consumir seu sabor amargo de algum modo, já que temos não temos muitas escolhas. 

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