Comida · Food

Why so much junk food is consumed?

Photography by Carla Rocha – Supermarket in Brazil

A recent publication in the Lancet, reporting that Colombia has become one of the first countries in the Americas to tax junk food, is a provocation to think about how far we have come in human nutrition. Why has junk food consumption become so ubiquitous around the world?

The term junk food was first used in 1972 by Michael Jacobson, an American scientist, to refer to products high in calories and low in nutritional value. The term has become synonymous with ultra-processed foods, substances that look like food but are actually a combination of chemical additives, salt or sugar, and saturated fat.

Taxing these products shouldn’t even be a surprise; on the contrary, it should be normalized as a rule, since the damage to the population’s health associated with increased consumption of these products is growing. Hypertension, diabetes, obesity, cancer and other chronic diseases have been linked to the consumption of ultra-processed foods.

According to the Lancet article, 56.4% of Colombia’s population is overweight, nearly a third of adults have high blood pressure, and about a quarter of annual deaths are related to cardiovascular disease. These numbers are not isolated. In the case of Brazil, a study conducted by the Brazilian Eating Habits Observatory concluded that ultra-processed foods are responsible for about 57,000 premature deaths per year in the country.

The effective lobbying of the ultra-processed food industry and the many subsidies for these products cannot be ignored. In Brazil, the systematic increase in the price of staple foods for the vast majority of the population, such as beans and rice, as well as fruits and vegetables, also makes it impossible to systematically consume healthier foods. And this price increase is precisely linked to the lack of subsidies for small producers who are responsible for producing fresh or minimally processed food in the country.

In addition to the entire media universe, which is not limited to promoting the golden arches of fast food, other mechanisms are at work to encourage the consumption of ultra-processed foods. In most supermarkets in Brazil, while these products are on the main shelves at the entrance of the supermarket, vegetables, fruits and legumes are usually in the back. You have to walk all the way through the store to find fresh food. This layout explains a lot. What the eye can’t see….

I come from a generation in which the idea of real food was a simple aphorism used to distinguish it from toy food, usually made with plasticine. We didn’t even discuss the harms of ultra-processed food because it wasn’t as widely available or consumed as it is today. We can’t go back to the past, but without a broader change that includes educational, fiscal and regulatory policies, it’s hard to imagine a healthier future.

Por que se consome tanta junk food?

Uma publicação recente da revista Lancet noticiando que a Colômbia passou a ser um dos primeiros países nas Américas a taxar as junk food é uma provocação para pensarmos a que ponto chegamos na alimentação humana. Por que o consumo de de junk food se tornou tão onipresente ao redor do mundo?

O termo junk food teria sido utilizado pela primeira vez em 1972 por Michael Jacobson, cientista estadunidense, referindo-se a produtos ricos em calorias e de baixa qualidade nutritiva. O termo se tornou um sinônimo para os ultraprocessados, ou seja, substâncias que se assemelham à comida, mas que na realidade são, em sua grande maioria, uma combinação de aditivos químicos, sal ou açúcar e gordura saturada.

A taxação desses produtos nem deveria causar surpresa; ao contrário, deveria ser normalizada como regra, na medida em que crescem os danos à saúde da população associados ao aumento do consumo desses produtos. Hipertensão, diabetes, obesidade, câncer e outras doenças crônicas têm sido atribuídas ao consumo dos ultraprocessados. 

De acordo com o artigo da Lancet, 56,4% da população da Colômbia está acima do peso, quase um terço dos adultos tem pressão alta e cerca de um quarto das mortes anuais estão associadas a doenças cardiovasculares. Esses dados não são isolados. No caso do Brasil, uma pesquisa realizada pelo Observatório Brasileiro dos Hábitos Alimentares concluiu que os alimentos ultraprocessados são responsáveis por cerca de 57 mil mortes prematuras por ano no país.

Não é difícil entender o porquê do aumento do consumo de ultraprocessados e as razões são várias. O baixo custo desses produtos os torna mais acessíveis do que muitos alimentos in natura. A sua maior durabilidade e a praticidade no seu preparo são fatores que também contribuem para tornarem esses produtos a principal opção.

Não se pode ainda ignorar o lobby eficaz da indústria dos ultraprocessados e os muitos subsídios a esses produtos. No Brasil, o aumento sistemático do preço de alimentos básicos para uma grande maioria da população, como o feijão e o arroz, e dos hortifrutigranjeiros também inviabilizam o consumo sistemático de alimentos mais saudáveis. E esse aumento de preços está justamente ligado à falta de subsídios a pequenos produtores, os responsáveis pela produção dos alimentos frescos ou minimamente processados no país. 

Além de todo o universo midiático, que não se restringe à promoção dos arcos dourados fastfoodianos, outros mecanismos atuam para o estímulo ao consumo de consumo de ultraprocessados. No Brasil, na maior parte dos supermercados, enquanto esses produtos estão nas principais gôndolas desde a entrada dos supermercados, as verduras, frutas e legumes, geralmente, estão na sua parte do fundo. Deve-se cruzar todo o estabelecimento para encontrar os alimentos in natura. Essa configuração espacial já explica muita coisa. O que os olhos não vêem….

Sou de uma geração em que a ideia de comida de verdade era um simples aforismo usado como distinção da comida de brinquedo, geralmente preparada com massa de modelar. Nem se discutia os malefícios dos ultraprocessados porque não havia tanta disponibilidade ou consumo desses produtos como hoje. Não podemos voltar ao passado, mas sem uma mudança de ordem mais ampla, envolvendo políticas educativas, fiscais e regulatórias, fica difícil pensar em um futuro mais saudável. 

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