Comida · Food

Urban Agriculture versus food deserts

I always leave multiple tabs open on my computer screen. A bad habit. I promise myself that I will organize these tabs so that I can read all of them, but as the days go by, instead of closing them, I end up opening so many more. It’s not uncommon for me to remember a piece of information that caused me to leave one of the tabs open, and when I go to look for it, I find another text that catches my eye, and I end up reading it and forgetting what I was looking for. This is one of my daily technology-driven sagas.

Today was no different. I was looking for some information in one of the open tabs and came across an article on a magazine page about Ron Finley’s work. A few years ago, I had watched a TED talk in which he advocated urban agriculture as a solution to food deserts in the United States, places where access to fresh or minimally processed food is scarce or impossible, forcing people to travel to other regions to find these items. Finley also uses the term “food apartheid” as a synonym for food deserts in the United States, as this reality is related to gender, race, and class segregation in addition to high levels of poverty.

The article focuses on the positive impact of Finley’s TED talk, which not only changed his life trajectory, but also helped expand his philanthropic work with urban agriculture.

  Photography by Carla Rocha – Horta do Pacuca – vegetal and community garden – Florianópolis/Brazil

As I read the article, I kept thinking about something that seems absolutely obvious: how vast the world of food is, how many factors and issues it involves. But it seems that because we’re bombarded daily with so many images of food, and almost always reproducing so much abundance, even if it’s not always healthy food, it’s easy to ignore other realities related to food.

The food deserts in Los Angeles that prompted Finley’s initiative are not unique to this region of the United States, and certainly not to this country. Food deserts exist all over the world, and in many places they have been exacerbated by the pandemic. In all likelihood, as climate change continues, these deserts will become much more common than imagined, even in previously unlikely areas.

For this reason, urban agriculture is not just an interesting topic, but an increasingly important and necessary phenomenon. People who don’t have easy access to fresh, healthy food have poor and problematic diets. Urban agriculture is therefore directly related to food sovereignty and food and nutrition security.

For Finley, growing your own food is like printing your own money. But planting and harvesting in cities involves many other factors, as Finley’s work and that of many others around the world shows. Countering the industrial movement that increasingly dominates food landscapes, urban agriculture is transforming cities into much healthier places.

Agricultura urbana versus desertos alimentares

Sempre deixo várias abas abertas na tela de meu computador. Um péssimo costume. Prometo a mim mesma organizar essas abas com a devida leitura de todos os textos, mas os dias passam e, ao invés de fechá-las, acabo abrindo outras tantas. Não é raro que eu lembre de alguma informação que me levou a deixar uma das abas abertas e, ao buscá-la, encontro algum outro texto que me chama a atenção, acabo lendo e esqueço o que buscava. Essa é uma de minhas sagas diárias proporcionadas pela tecnologia. 

Hoje não foi diferente. Buscava alguma informação em uma das abas abertas e encontrei uma matéria na página de uma revista sobre o trabalho de Ron Finley. Há alguns anos já havia assistido uma palestra no TED em que ele já defendia a agricultura urbana como uma solução para os desertos alimentares nos Estados Unidos, locais em que o acesso a alimentos in natura ou minimamente processados é escasso ou inviável, obrigando as pessoas a se dirigirem a outras regiões para encontrar esses itens. Finley também usa a expressão apartheid alimentar como sinônimo de desertos alimentares nos Estados Unidos, já que essa realidade, além de altos índices de pobreza, também se relaciona à segregação de gênero, raça e classe. 

Na matéria, o foco é o impacto positivo da palestra de Finley no TED, que não apenas mudou a sua trajetória de vida, mas contribuiu para expandir seu trabalho filantrópico com agricultura urbana. 

Enquanto lia a matéria, eu não deixava de pensar em algo que parece absolutamente óbvio, isto é, no quanto o universo da comida é vasto, envolve tantos fatores e problemáticas. No entanto, parece que à medida em que somos bombardeados diariamente com tantas imagens de comida e quase sempre reproduzindo tanta fartura, ainda que nem sempre signifiquem comidas saudáveis, é fácil ignorar outras realidades ligadas à alimentação. 

Os desertos alimentares de Los Angeles, e que motivaram a iniciativa de Finley, não são uma exclusividade dessa região dos Estados Unidos e muito menos desse país. Desertos alimentares existem ao redor do mundo e, em muitos lugares, houve ainda um agravamento com a pandemia. Muito provavelmente, com o avanço das mudanças climáticas, esses desertos se tornem bem mais comuns do que se imagina também em territórios anteriormente improváveis. 

Por essa razão, a agricultura urbana não é apenas um tema interessante, mas é um fenômeno cada vez mais importante e necessário. Pessoas que não têm acesso fácil a alimentos frescos e saudáveis possuem uma dieta pobre e problemática. Portanto, agricultura urbana tem relação direta com soberania alimentar e segurança alimentar e nutricional. 

Para Finley, cultivar os próprios alimentos é como imprimir o próprio dinheiro. Mas plantar e colher nas cidades envolve muitos outros fatores, como mostra o trabalho de Finley e de diversos outros ao redor do mundo. Na contramão do movimento da indústria, que domina cada vez as paisagens alimentares, a agricultura urbana vêm transformando cidades em espaços muito mais saudáveis. 

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